3.7.09

Sem culpa

Que culpa tenho se, quando te vejo,
Quero mais que um simples beijo?
Demoro a perceber
Que todo este querer
Me faz acreditar
Que somos terra e mar
Em pleno chão comum.
Não, somos mais que um
Ou outro a flertar:
Somos devotos, errantes,
Fazendo pouco e ao mesmo tempo,
Muito mais que antes.
Até quando esperar?
Quando decidir falar?
O momento chega,
Passamos,
Saímos, nos distraímos,
Com outra coisa nos enganamos.

Estou aqui, sentado,
Esperando você passar.
Só pra continuar
O faz de conta no olhar,
A imaginação,
Fazendo a vida voar
E girar
E nos alegrar.
Sem ser em vão.

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4.11.08

Amizade ideal segundo os ideais

De quantos amigos preciso? Não sei, quero muitos. É, pode ser que não dure tanto. Que o prazo de validade seja curto. Sempre pode aparecer alguém mais legal... Tem que ser prestativo, tem que perguntar como a gente tá, sem esperar que a pergunta volte. Que seja confidente, mas que não encha o saco falando sobre os problemas. E que aceite as brincadeiras de mau gosto sem reclamar. E que mesmo assim seja engraçado. Será possível? Não sei dizer, a esperança é a última que morre... O importante é que a gente não exija muito da pessoa, amizade não se compra nem se arranja, tem que conquistar.

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25.9.08

De um lado e de outro

Não te culpo por pensar assim. É, ou estamos inseridos no contexto ou não. É bom ver alguém descendo a rampa e sorrindo, de passagem, quando não sabemos se foi por isso ou por aquilo. Talvez isto agora não seja importante pra você, mas sei que existem coisas que algumas pessoas vêem antes das outras. É assim porque é. Uma breve saudação, um aperto (firme) de mão, um abraço. E, por poucos instantes, todas (ou quase todas) as diferenças e indiferenças parecem esvair.

Mas, como antes, não te culpo, apenas continuo a sentir o vento (frio) que passa pelo concreto e que bate em meu rosto, o que me agrada, enquanto te vejo seguindo. Com um sorriso bem diferente daquele do transeunte. Mas isso, parece que só eu sei. Vai ser bom, talvez quem te veja passando subindo a rampa, pense como eu já fiz: todas as formas lenitivas são agradáveis. 

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22.8.08

Sentidos

As pessoas já não olham mais ao redor. Se é que um dia olharam. "Pra quê?" "Não tenho tempo nem paciência". Já não dão (tanta) importância aos pombos e aos balões. Olhar para o céu, só em caso de avião, helicóptero ou suicídio. Olhando pra baixo, às vezes, demais.
Não estão vendo o que é belo. Só quando é muito, é estranho, ou o feio, quando assusta. Longe dos olhos, perto do coração? Ou vice-versa.
Admirar? Cobiçar? Quais os limites? E tudo na cidade segue uma linearidade tão sinuosa, ou então um sinuoso tão linear, que fica perdida a idéia de ser, estar diferente, realmente. Esquisito, melhor dizendo.
E essa segurança insegura, com uma insegurança tão confiável, que nos envolve a quase todo momento - pelo menos aos mais sensíveis.
O amor, sempre conveniente. Tá certo, não tão cruel, quase sempre, mas nunca incondicional. Quase nunca? Que provem o contrário.
E mais um expresso-para-os-lugares-de-sempre, sempre iguais e nem sempre diferentes, vem chegando. É melhor eu ir agora, me unir aos transeuntes: pelo menos, nesse caso, não tem um outro jeito, o que vale é o fluxo.

6.6.08

Acepções de um anseio

Quero que me ame como ninguém antes,
Que abdique de suas outras paixões,
Seus outros maiores desejos.
Que seus olhres sejam meus,
E que eu - só eu - seja suas paisagens.

Quero que eu seja sua razão para se emocionar,
Que seu querer acompanhe o meu;
Que eu desperte em você
O que há de mais intenso e secreto -
E que seja o que te proporciona
Descanso.

Ainda, quero que seja
Mais que um simples companheiro:
Que me traga alento,
Serenidade,
E que viva comigo
Todas as horas ardentes, sem pudor,
Concupiscentes,
Sem fronteiras ou limites.
Mas que seja o meu templo,
Minha meditação,
Quando for preciso.

E, como acredito que a plenitude
Seja tão efêmera quanto o dia,
Te desprezarei
Assim que seu querer
Assim que seus desejos
Assim que sua vida
Suplantar a minha,
Parecer valer menos que a sua.


De volta

Não foi um período de "writer's block". Mas sim de falta de tempo para se dedicar ao blog de novo, seja por causa do trabalho (sim, estou ministrando mais aulas que antigamente) ou pela preguiça mesmo. Mas espero que vocês, leitores deste blog, continuem a acompanhar meus devaneios. Acredito que agora não haverá um hiato tão grande quanto o de outrora.

Obrigado!

Tiago